segunda-feira, 27 de abril de 2015

Ele se foi daqui desta matéria, mas deixou obras primas e este texto é uma delas...



Poema Se

Hermógenes

Se, ao final desta existência,
Alguma ansiedade me restar
E conseguir me perturbar;
Se eu me debater aflito
No conflito, na discórdia...

Se ainda ocultar verdades
Para ocultar-me,
Para ofuscar-me com fantasias por mim criadas...

Se restar abatimento e revolta
Pelo que não consegui
Possuir, fazer, dizer e mesmo ser...

Se eu retiver um pouco mais
Do pouco que é necessário
E persistir indiferente ao grande pranto do mundo...
Se algum ressentimento,

Algum ferimento
Impedir-me do imenso alívio
Que é o irrestritamente perdoar,

E, mais ainda,
Se ainda não souber sinceramente orar
Por quem me agrediu e injustiçou...

Se continuar a mediocremente
Denunciar o cisco no olho do outro
Sem conseguir vencer a treva e a trave
Em meu próprio...

Se seguir protestando
Reclamando, contestando,
Exigindo que o mundo mude
Sem qualquer esforço para mudar eu...

Se, indigente da incondicional alegria interior,
Em queixas, ais e lamúrias,
Persistir e buscar consolo, conforto, simpatia
Para a minha ainda imperiosa angústia...

Se, ainda incapaz
para a beatitude das almas santas,
precisar dos prazeres medíocres que o mundo vende...

Se insistir ainda que o mundo silencie
Para que possa embeber-me de silêncio,
Sem saber realizá-lo em mim...

Se minha fortaleza e segurança
São ainda construídas com os materiais
Grosseiros e frágeis
Que o mundo empresta,
E eu neles ainda acredito...

Se, imprudente e cegamente,
Continuar desejando
Adquirir,
Multiplicar,
E reter
Valores, coisas, pessoas, posições, ideologias,
Na ânsia de ser feliz...

Se, ainda presa do grande embuste,
Insistir e persistir iludido
Com a importância que me dou...

Se, ao fim de meus dias,
Continuar
Sem escutar, sem entender, sem atender,
Sem realizar o Cristo, que,
Dentro de mim,
Eu Sou,
Terei me perdido na multidão abortada
Dos perdulários dos divinos talentos, Os talentos que a Vida
A todos confia,
E serei um fraco a mais,
Um traidor da própria vida,
Da Vida que investe em mim,
Que de mim espera
E que se vê frustrada
Diante de meu fim.

Se tudo isto acontecer
Terei parasitado a Vida
E inutilmente ocupado
O tempo
E o espaço
De Deus.
Terei meramente sido vencido
Pelo fim,
Sem ter atingido a Meta.

Dakinis

                                                          
                                                             DAKINI/YOGUINI

A beleza do movimento desperta a energia mais feliz por dentro das nossas células.
A palavra dakini é traduzido como as mulheres que dançam no
 céu ou interpretável como as mulheres que se deleitam com a
liberdade de vazio. Daí invariavelmente seus corpos
são retratados curvo em poses de dança sinuosas.
Esta forma em ondas que o corpo apresenta e a geometria sagrada que através de mudras(gestos com as mãos) e posturas de yoga, fazem da dança um espectáculo de terapia. 
Chovem em seus corpos suores de limpeza, deslizam por suas peles o sabor da liberdade conquistada. 
A mente abrilhantada percebe que no vazio de suas salas sem medo, permanece apenas ela. E lá sempre esteve ela.
O movimento que abre suas cortinas deixa aparecer a luz que tanto ela própria procurou e sempre esteve ali, dentro dela.

quarta-feira, 22 de abril de 2015

Na dança que transforma minha anca no ser que eu tenho, o prana movimenta as palavras em pingentes sonoros.
Toda a sabedoria enrolada na fonte do meu imaginário mundo novo, aguarda o momento da profecia se realizar. Tu bebes adrenalina e transfere aos poros néctar da sua alma que de mutante não tem nada haver com seu corpo.
Sinceras melodias, tablas paradas, o ruído do vento...bate o compasso ritmado da minha respiração. Suor do no ventre.
Enxergo no teu olho o azul da minha consciência, na ponta dos teus dedos a velocidade do ar. Imagina esta noite dormindo do lado esquerdo do seu corpo as memorias brotassem sem pedir permissão e devolvessem nossa historia, você de novo criança e eu de novo aprendendo a amar.